(Liniker | Foto: Caroline Lima) |
O Psica, maior festival independente de música periférica da Amazônia, vai começar! Com três dias de shows, que acontecem nesta semana, de 16 a 18 de dezembro, a 10ª edição do poderoso projeto traz quatro palcos com 40 apresentações distribuídas nos mais de 20 mil m² do Espaço Náutico Marine Club. Os ingressos ainda estão à venda e a expectativa é receber um público de 10 mil pessoas em cada dia de evento Na icônica programação, a “rainha do axé”, como é conhecida Daniela Mercury, promete fazer o público se divertir como em uma verdadeira micareta, mostrando os grandes hits que embalam o carnaval de Salvador: “O Canto da Cidade”, “Nobre Vagabundo” e “Baianidade Nagô”. Com quase 40 anos de carreira, a artista também é uma voz de resistência LGBTQIA+.
(Daniela Mercury | Foto: Divulgação) |
Conterrânea de Mercury, Luedji Luna volta a Belém para apresentar seu mais recente álbum “Bom Mesmo é Estar Debaixo D’água" (2020). A baiana é um dos principais nomes da Música Popular Brasileira na atualidade. Urias traz as vozes de resistência trans de todas aquelas que andam com a “navalha debaixo da língua”. Reinventando o cenário do pop nacional, a mineira apresenta seu primeiro disco, “Fúria”, lançado este ano, além do grande sucesso “Diaba”. Flora Matos é a representatividade feminina no rap. Diretamente da capital federal, a brasiliense rima sobre afetividade e os percalços de ser uma mulher no cenário do hip hop. O selo da Psica Produções, a Psica Gang, também estará presente. Em parceria fechada com a Warner Music Brasil, dando um passo adiante no combate à invisibilidade dos artistas nortistas, o movimento neo-cabano apresenta os shows de Daniel ADR, Kratos + Mc Íra, Layse e Os Sinceros, Nic Dias e Arthur da Silva, que celebram a diversidade da sonoridade e qualidade da produção musical amazônica. Ainda representando a cena paraense, Reggaetown convida Bruno BO, Negro Edi e Bruna BG em performances especiais para o Psica. Dando destaque para as manifestações regionais e populares, Arraial do Pavulagem, Tambores do Pacoval, Filhos de Maiandeua, Sereia do Mar, Baile do Mestre Cupijó e Lia de Itamaracá (PE); o som urbano das periferias paraenses com DJ Meury, Viviane Batidão e Tony Brasil + Maderito e Banda Bundas; o metal nortista de Cérebro de Galinha, Rejeitados pelo Diabos e Sisa; o death metal de Desalmado (SP); a arte musical de Melissandra e Rawi; o rap LGBTQIA+ da Quebrada Queer (SP); a experimentação eletrônica de Badsista (SP); e muita discotecagem com os DJs Jon Jon e Eric Terena (MS). Considerado um dos festivais periféricos mais influentes do país, o Psica é realizado tradicionalmente no final do ano, no mês de dezembro. Desde a sua estreia, vem dialogando sobre decolonialidade. Dessa vez, as profundezas de rios, matas e estradas abrem caminhos para celebrar a cultura amazônica a partir das cidades do interior e de suas manifestações culturais de resistência secular. O sincretismo religioso e a tradição cultural de indígenas e negros - que hoje temos com a Marujada, o Çaíré e a festividade de São Sebastião no Marajó - são temas que guiam essa edição festiva de 10 anos. “O Psica faz parte de um movimento cultural, político e social que está acontecendo nessa cidade. Então, dentro do festival a gente discute temas pra fazer com que as pessoas, cada vez mais, se identifiquem com esse movimento. Desde 2018 a gente vem fazendo isso e, se olhar pra trás, a gente sempre fala de pautas decoloniais. A gente não tá inventando uma narrativa, apenas contando o que já acontece, mostrando o poder e toda a força da cultura local”, explica um dos diretores do festival, Jeft Dias. “A gente fala muito com o público local pra ele se olhar, se enxergar, se ver em lugares de protagonismo, para ocupar os espaços, mostrando nossa forma de pensar cultura, pensar mundo e humanidade. Queremos que essa forma de pensar chegue até outras pessoas. É um movimento de dentro pra fora”, conclui Gerson Junior, diretor do evento.